sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CONEN BAHIA REALIZA PLANEJAMENTO PARA 2011

A Coordenação Nacional de Entidades Negras - CONEN - realizará, neste fim de semana (8 e 9 de janeiro), em Itaparica, a etapa de culminância do seu Planejamento Estratégico 2011.

O Planejamento foi antecedido de uma semana de pré-debates em Salvador e algumas cidades do interior, como Maragojipe, onde 8 entidades participaram dos debates municipais nesta quarta-feira, 5 de janeiro.

A entidade tem como tema para o Planejamento 2011 "A CONEN que Temos. A CONEN que Queremos". O tema propõe a reorganização da CONEN no estado da Bahia, tendo em vista que a mesma foi a entidade que mais cresceu nos últimos dois anos, quantitativamente e qualitativamente.

Agora é preciso dar mais organizacidade para as entidades do interior e estabelecer uma agenda política e social que dialogue com os eventos e debates previstos para 2011, dentre eles, a memória da Revolta dos Malês, 100 anos de João Cândido, Fórum Social Mundial do Senegal e o Ano Internacional das Pessoas Afrodescendentes da ONU.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Saudações com saudades do saudoso Professor, Conselheiro e Amigo... Bonardo.

Homenagem de Roque Peixoto ao Professor Ronaldo Souza


Hoje é Dia de Reis. Dia em que se comemora a chegado dos Três Reis Magos a Belém para ver e presentear o Menino Jesus. Dia em que os Ternos herdados da tradição católica lusitana costumam desfilar com suas marchinhas pelas ruas de bairros populosos, como no Largo da Lapinha, no Bairro da Liberdade. E dia de festa em cidades do interior.

Poderia ser um dia de festa em Maragojipe, também. Pois hoje o saudoso Professor Ronaldo Souza estaria completando 72 anos.

Mas, porque não comemorar? Será que o Velho Bonardo queria que estivéssemos aqui todos tristes e sofrido com a sua ausência? Ou gostaria que estivéssemos todos comemorando e festejando a sua memória?

Eu não sei quanto às outras pessoas. Mas sei que quanto a mim, prefiro lembrar e comemorar o Velho Bonardo de incríveis e ímpares textos e contribuições literárias para a Festa do Orago São Bartolomeu. Comemorar o incrível autor dos maiores e mais marcantes discursos dos vários 8 de maio’s. Comemorar a pessoa que me recebeu em sua casa, ao ser apresentado por teu filho e meu Dileto Amigo, Ronaldo Souza Filho, o Ronaldinho, e me prover, depois de alguns minutos de conversas e apresentações o seguinte predicado: “ROQUE DO PT, CIENTISTA SOCIAL E POLÍTICO!”  Comemorar as várias facetas deste grande intelectual que, segundo Ronaldinho, era na verdade um apaixonado por este pedaço de chão, com profunda relação de amor e ódio.

Nas minhas poucas e recentes lembranças, levo a certeza de que ganhei um amigo (Ronaldinho). Junto com esse amigo um Pai (Velho Bonardo, ou Ronaldo Souza). E com este grande pai, ganhei uma Família que fez reascender no coração frio deste não tão mais jovem homem vindo da cidade grande o valor de se ter amigos de verdade e de se valorizar a família.

Professor Ronaldo. Velho Bonardo. Olha por nós daí de onde estiver. Mantenha viva em Ronaldinho o dom da escrita e da oralidade, coisa que o senhor fazia muito bem. Mantenha vivo em Gabriel o dom da responsabilidade, assim como o senhor foi responsável por educar, como professor, e cuidar do sorriso de muitos e muitas maragojipanos e maragojipanas. E mantenha vivo em Cícero a arte da malandragem e da Boemia. Afinal, alguém da família precisa cuidar das coisas do mundo.

Saudações com saudades do saudoso Professor, Conselheiro e Amigo... Bonardo.

A fotografia do poder no Brasil


A edição de 13 dezembro de 2010 da Revista Época trouxe como manchete uma análise sobre os 100 mais influentes brasileiros do ano. Com cinco opções de capa, a revista dá ao leitor a opção de comprar a versão com a presidente Dilma Rousseff; a do cineasta José Padilha, diretor dos filmes Tropa de Elite 1 e 2; com o empresário Eike Batista, considerado a 8ª pessoa mais rica do mundo e finalmente a capa com o jogador santista Neymar Júnior. Mas, o que de fato chama a atenção não é o recurso publicitário acima mencionado, e sim o fato de que praticamente não há negros nessa edição especial.

Com exceção da ex-ministra Marina Silva, fenômeno das últimas eleições presidenciais, e do jogador Neymar, que ocupa a tradicional parcela de negros no campo das celebridades futebolística, todos os outros 98 escolhidos pela equipe da revista são brancos. Como disse certa vez, em entrevista, o ator negro Milton Gonçalves, “nós não estamos na fotografia do poder”.

Pela lógica da revista , a  população negra brasileira deve, portanto, contentar-se em ler histórias de sucesso de seus patrícios não-negros e ícones do Brasil que “deu certo”, como a de Eduardo Saverin, bilionário, co-fundador  do Facebook, de apenas 28 anos; David Neeleman, que colocou a companhia Azul em terceiro lugar no mercado de aviação brasileiro; de Alexandre Behring, que
comprou ações da empresa americana Burger King - reforçando a nova imagem do capitalismo brasileiro no mercado Global - além de tantos outros “euro-ascendentes” que contribuíram para o desenvolvimento do Brasil em 2010. Até na música, tradicional reduto negro na mídia, sobrou para Margareth Menezes e Carlinhos Brown apenas fazerem comentários elogiosos sobre Ivete Sangalo e a roqueira Pitty, respectivamente.

Como se vê, se tomarmos apenas essa reportagem como referencial, conclui-se que o Brasil termina a última década de século XX como se estivesse ainda no século XIX: sem negros nos espaços de poder, apesar da retórica conservadora de que somos uma democracia racial.

O  mais curioso é que, ao que parece, de fato, não houve “grandes erros” de apuração dos jornalistas de Época, pois, de fato, nossa influência objetiva nas decisões políticas e econômicas  do Brasil é quase nula. Quer uma prova, é só olhar para o ministério da nova presidente Dilma Rousseff.

Entretanto, há graves omissões que precisam ser ditas na reportagem, como a do cineasta Jefferson De, ganhador do 38º Festival de Cinema de Gramado com o filme Bróder, ou a professora Nilma  Lino Gomes, conselheira nacional de educação e que deu um parecer contrário a publicação do livro Caçadas de Pedrinho do escritor Monteiro Lobato, acusado de racista, gerando um grande debate nacional sobre o racismo no ambiente escolar. 

Ou seja, uma melhor apuração  jornalística dentro da comunidade negra certamente podem apresentar outros nomes negros de destaque em matérias como essa. Apesar disso, de fato, a reportagem em questão é, literalmente, a fotografia da desigualdade racial brasileira nos campos da política, mídia e economia; Senão, vejamos. 
Segundo o pesquisador Reinaldo Bulgarelli, que atuou na recente pesquisa do  Instituto Ethos de Responsabilidade Social denominada "Perfil Social, Racial e de Gênero nas 500 maiores empresas do Brasil", se continuarmos nesse ritmo de inclusão social, na melhor das hipóteses, demoraremos 150 anos para que homens negros atinjam a mesma posição dos brancos no mercado corporativo. No caso das mulheres negras, essas demorariam muito mais - a pesquisa revelou que  hoje elas são apenas 0,5% do topo da pirâmide empresarial do país.

Se os números da desigualdade assustam, não há conforto ao olharmos para ações de combate a discriminação racial nas empresas: 72% das companhias entrevistadas não adotam nenhum tipo de ação afirmativa, seja na contratação de funcionários ou nos planos de carreira.

Na África do Sul, símbolo do racismo mundial, uma das principais políticas do pós-aparthied foi a criação do programa Black Economic Empowerment (Empoderamento Econômico dos Negros), que, dentre outras coisas, dá vantagens em licitações públicas para empresas de propriedade ou gerenciadas por negros - o que no caso sulafricano inclui pretos, coloured (pardos) e indianos. Apesar das críticas, o programa tem criado, dentro dos limites do capitalismo, uma classe média negra minimamente capaz de influenciar importantes decisões da nação. Por aqui, setores conservadores da sociedade ainda discutem a legitimidade das cotas raciais nas universidades.

O Brasil, como se sabe, pretende se tornar, até 2025, a quinta maior economia global, ultrapassando a Alemanha, e finalmente atuar como um player de primeiro escalão no cenário internacional. Porém, para que isso realmente ocorra, serão necessárias mais do que ações para incrementar o Produto Interno Bruto (PIB). É preciso conter o sangramento demográfico de jovens - que já começam a fazer falta na economia - e investir em educação de qualidade. Segundo pesquisa do Observatório de Favelas, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e UNICEF, cerca de 33 mil jovens devem ser mortos no Brasil até 2013.

Na cerimônia de sanção do Estatuto da Igualdade Racial, o então presidente Lula disse que a dívida que o Brasil tem com negros "não pode ser paga em dinheiro, mas com solidariedade". Porém, o documento que possui 65 artigos ainda é tímido para enfrentar desigualdades tão latentes e não inclui marcos legais efetivos para mudança do status quo racista.

Em compensação, o que observamos  no teatro de horrores das grandes metrópoles brasileiras é a punição severa de jovens negros com menos de 25 anos, vitimados ora pela  guerra do tráfico de drogas ou pela ação genocida de grupos de extermínio -  tudo isso  sob a leniência  governamental e com  o álibi do chamado "auto de resistência" por parte das policias. Pelo visto, não há dúvidas sobre a opção feita pelo Estado Brasileiro, em vez de educar e unir, prefere segregar e punir. Essa é, portanto, a fotografia triste da nossa realidade.

Paulo Rogério Nunes é diretor-executivo do Instituto Mídia Étnica e co-editor do Portal Correio Nagô. Twiiter: www.twitter.com/paulorogerio81

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DOS MALÊS À EXÚ TRANCA RUAS: AS REVOLTAS PERSISTEM PELA LIBERTAÇÃO DE SALVADOR.

Por Roque Peixoto



Em plena as férias de verão, a Cidade da Bahia ferve. E não era pra ser diferente. E que bom que ferva. E há de ferver muito mais.

Há de ferver como ferveu no dia 24 de janeiro de 1835, quando jovens, vários deles “letrados” por estar estudando o Al Corão, livro dos Islâmicos, e, portanto, estudantes, subiram a Ladeira da Praça, a partir da Praça dos Veteranos, na Barroquinha, e gritavam por liberdade. Era a Revolta dos Malês.

Há de ferver igualmente quando 40 mil estudantes desceram a Ladeira da Praça, em agosto de 2003, e caminharam incansavelmente, passando pela Baixa dos Sapateiros, descendo a Ladeira do Dique, caminhando e gritando palavras de ordem pelas margens do Dique do Tororó, e pararam a Estação da Lapa. Há de ferver como ferveu, naquele mesmo agosto, a Avenida Mario Leal Ferreira, a popular Bonocô, quando marchavam aqueles estudantes, sobre a liderança de alguns e algumas jovens estudantes, dentre eles, um tal Roque Peixoto, militante do Movimento Negro, membro do Movimento Hip Hop, e então Presidente da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas/ ABES.

Há de ferver como ferveu o Iguatemi, principal centro comercial e financeiro da Cidade de Salvador, quando aqueles bravos guerreiros pararam o trânsito no horário de pico (18h00min) e mostraram que não estavam para brincadeiras.

Até que o então prefeito Antônio Imbassay teve que ceder à pressão popular, e eis que causa um racha entre o mesmo e o seu tutor, ACM.

Estava aí uma vitória para além das pautas e palavras de ordem. Era uma vitória onde se selava o início do fim do carlismo na Bahia.

Nesses dias estamos vendo movimento que foi convocado como “MOVIMENTO EXÚ TRANCA RUAS/ REVOLTA DO BUZÚ 2011”. Muito sugestivo. Pois se trata de uma luta contra um prefeito que mandou derrubar Terreiros de Candomblé. De um prefeito que deixou as ruas sujas. Que deixou casas desabarem em encostas e bairros pobres.

E como Exú tem o dom da palavra e da comunicação. Tem o dom do discernimento e da luta. E é quem come primeiro. Nada melhor de quê entregar nas mãos de Exú o destino deste que é o pior prefeito do Brasil.

E que Exú abra os caminhos e garanta a comunicação e o sucesso para essa juventude que o exalta, trancando as ruas de Salvador, em busca de dignidade e decência para o povo da Cidade da Bahia.
Avante guerreiras e guerreiros da Revolta do Buzú 2011.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

UM MILITANTE EM CONSTANTE CRIAÇÃO

(Ou para além do meu tempo!)
Por Roque Peixoto



Tenho criticado posturas de velhos militantes do Movimento Negro. E tenho feito isso com muito respeito e preservando as pessoas. Afinal, as divergências que tenho são quanto à forma política de se fazer movimento por parte destas pessoas. Tenho feito isso, por que estou “me criando”. A humildade que aprendi dentro de casa através de uma Matriarca de tradições africanas me mantém um ser em construção constante. Pois então, me criando a cada dia.
Tenho feito críticas às direções de organizações que deixam suas entidades sucumbirem e ficar à margem das lutas em andamento. Pois direção que apenas reclama e não propõe, não está apta a ser direção.
Tenho saudades do tempo em que esperava os dias das reuniões do MNU, lá no Curuzú, em frente a minha casa (que ainda mantenho, pois nunca me afasto da minha origem. Seria péssimo para a minha criação), com as chaves do prédio para entregar a Nei Pires, a quem até hoje chamo carinhosamente de tio. Ficava esperando quando aquela Negrada chegava e eu ia até lá, levava a chave, conseguia água gelada, e participava das reuniões. Isso eu tinha ainda 11 anos. Será que é por que eu comecei a me criar cedo de mais?
Daqueles anos, minhas referências: Edmilton Sacramento, Eliana Rainha, Lindinalva de Paula, Ivonei Pires, Hamilton Borges, Suely, Professor Alberto, entre outras pessoas. Em especial, O Professor Alberto, hoje fotógrafo renomado na Bahia e no Brasil. Este era meu professor de Capoeira Angola e foi quem me convidou para a primeira reunião. Este ajudou a me criar e continua me ajudando. Pois cada mensagem que recebo deste, me enche de conhecimento e alegria.
O tempo foi passando e eu, como pessoa em criação, acompanhando ele. Coisas aconteceram. Disputas, rupturas, quebra de confiança, etc. Até que me decidi desfiliar do MNU. Mas em nenhum momento coloquei esta importante entidade em cheque. Pois a organização, assim como as pessoas, deve ser preservada. Mas critiquei duramente uma direção que destruiu uma organização tão séria. Será que fiz isso por que faz parte da “criação” romper com os pais e irmos morar só? Ou casar? Trabalhar? Afinal chega o dia que os pais cobram de nós para irmos viver nossas próprias vidas.
Há algum tempo estou militando na Coordenação Nacional de Entidades Negras (CONEN). Mas ainda tenho referências importantes no MNU, como o Edmilton, o Marcelo Dias, Marta Almeida, Consuelo, entre outras pessoas. Mas com certeza não tenho em figuras como o Reginaldo Bispo, referencia alguma. E talvez por isso, o mesmo não consiga romper com seus limites de estabelecer e reconhecer que as gerações se criam. E eu ainda não me sinto criado. Talvez por isso, continuo em atividade para além da internet. Continuo construindo para além do partido que milito, o Partido d@s Trabalhador@s. E como ainda estou me criando, talvez não queira me enquadrar nessa tal moral que o mesmo diz que eu preciso ter para falar ou escrever sobre algo ou alguém. E justamente por pensar diferente daqueles que pararam no tempo, consigo fazer leituras da conjuntura que me levam a propor questionamentos a uma SEPROMI inoperante. E a ex-gestora, hoje ministra, precisa voltar na Bahia para fazer-mos um bom balanço do que foi a gestão da mesma.
Aprendi que reconhecendo os erros, conseguimos avançar e acertar mais. E espero que Luíza faça isso na SEPPIR. Torço, de verdade, para consigamos avançar aquilo que precisamos avançar, pois ainda estamos muitos lentos.
Por fim, gostaria de aproveitar para agradecer a algumas que tem contribuído nos últimos cinco anos para o aprimoramento da minha criação e estão me ensinando sobre uma MORAL MAIS AFRICANA. Obrigado Kika de Bessén, Márcia Faro, Gevanilda, Cleide Hilda, Makota Celinha, Jussara da Aspiral do Reggae, Flávio Jorge, Rafael Pinto (que chamo carinhosamente de Pai), Matvs das Chagas, Matilde Ribeiro, e ao meu grande mestre aqui na Bahia, Gilberto Leal. Quero agradecer pelas palavras e textos da Maria Luíza Júnior que contribuem muito para o meu criar. Agradecer a Mãe Val do Afoxé Ogum de Ronda. E agradecer às pessoas que estão fazendo Movimento Negro para além da internet. Essas pessoas sim merecem minha moral e meu respeito. Até por que, respeito é pra quem tem!!!
Sigo me criando com essas referências. E propondo um Ano de 2011 diferente, de fato, para o povo negro.
Sejamos mais Movimento Negro, em memória dos Malês e com as bênçãos de Oxum e Yemanjá!!!

Saudações Quilombolas e Socialistas!!!

REFLEXÕES PARA UM 2011 DIFERENTE, DE FATO, PARA O POVO NEGRO

Por Roque Peixoto


Mas um ano termina. E mais um ano está por começar. E como se fosse um cotidiano (se já não é) estamos virando de ano ainda gritando palavras de ordem contra o racismo, o sexismo, a homofobia... Até quantas viradas de anos teremos que refletir no momento onde é para se comemorar, que ainda não temos muito que comemorar?

Passaram-se 122 de Abolição da Escravatura. 100 anos de Revolta da Chibata. Em janeiro se passará 176 anos da Revolta dos Malês. E ainda estamos vendo “os nossos” jogados na miséria. Ainda somos nós os alvos das balas perdidas que nos acham como achou o menino João, na Bahia. Ainda somos as vítimas dos morros, seja pela bala da polícia, seja pelos deslizamentos pela falta de políticas habitacionais para o nosso povo.

Disso no início que ainda não temos muito o que comemorar. Mas precisamos nos agarrar naquilo que o Movimento negro construiu até aqui para que 2011, de fato, seja o anos das reais mudanças para o nosso povo. Precisamos nos agarrar nos instrumentos que temos construído ao longo dos últimos 40 anos para afirmar à esta juventude que vem para renovar e fortalecer o nosso movimento e as nossas lutas que é possível.

Estamos saindo de um ciclo de um operário no “poder”. Estamos entrando no novo ciclo: A MULHER  NO PODER! Mas precisamos acumular mais e mais, dentro e fora dos partidos, organizando o nosso povo, buscando um consenso mínimo entre nós para que o próximo ciclo seja @S NEGR@S NO PODER!

2011 será o Ano Internacional das Pessoas Africanas e Afrodescendentes, instituído pela Organização das Nações Unidas. Uma extensa agenda internacional está para acontecer. E o Fórum Social Mundial será o momento para inaugurarmos este ano tão importante simbólica e politicamente para nós.

E só avançaremos se levarmos para estes espaços internacionais denuncias expondo aquilo que o nosso povo tem passado para o mundo. Para, além disso, precisamos disputar os rumos do Estado Brasileiro. Devemos ser mais incisivos. Mais radicais. Como falam os mais jovens, devemos “ir pra cima” e tomar o nosso espaço, que foi tirado de nós desde África.

Então que iniciemos 2011 refletindo, dentre as várias lutas do nosso povo, a luta dos Malês. Imaginemos que cada ladeira que subimos é a Ladeira da Praça. Que cada batalha que travamos é que como se fosse a batalha contra o Palácio Rio Branco, o Forte São Pedro, etc. E que encontremos uns nos outros, umas nas outras, a verdadeira essência áfrica na luta e da unidade.

Que sejamos mais Movimento Negro em 2011!!!

Preocupações com o futuro da SEPPIR

Por: Roque Peixoto - 21/12/2010

A SEPPIR é um marco para os negros e negras petistas. E seu melhor momento foi, sem dúvida, quando tínhamos uma mulher na sua direção: a Matilde Ribeiro. Estamos agora vendo novamente uma mulher sendo indicada pela Presidenta Dilma para dirigir a pasta. Que bom que temos novamente uma mulher sendo indicada.
Mas ainda assim, fui advertido pela minha avó, pessoa que me criou, Yalorixá respeitada, que não devemos abrir mão de nossas opiniões, mesmo que isso dê margem para covardes lhe acusarem de coisas, como neste caso, machista, sexista, etc, etc.

A Luíza Bairros está (até o dia 31 de dezembro) à frente da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia desde 08 de agosto de 2008. Porém, mesmo com essa qualificação toda vendida por aqueles e aquelas que reproduzem no nosso meio a meritocracia da academia, não deu cabo de principais problemas que atingem a população negra do nosso estado.

Durante esses dois anos, nada mais fez além de uns três editais de 20 mil reais (valor que não paga nem a folha de formadores de um projeto de pequeno porte), das atividades do Novembro Negro (como se não existisse mais nada durante o resto do ano), e a Etapa Estadual da CONAPIR que foi precedida de conferências municipais e regionais, empobrecidas com os acordos para garantir base de apoio para um certo Deputado Federal. 

Chegava dar nojo, pois os asseclas destes chegavam nas conferências, como foi o caso aqui em Maragojipe, e diziam que já estava tudo acertado com uma outra ONG do Movimento Negro ligado aos comunistas, por causa de uma acordo. 

Aqui na nossa cidade nós não respeitamos esse acordo espúrio e garantimos a isonomia da nossa conferência. Voltando à Etapa Estadual, fui eleito delegado entre os Gestores Públicos. Porém, a então (e ainda atual) Secretária da SEPROMI fechou os olhos para os golpes sofridos por organizações e gestores, cometidos por agentes que apoiaram determinado deputado federal ligado à esta secretária.

Isso não é nada comparado ao fato da Secretária nunca ter dito ou escrito uma frase sobre o problema a ação violenta e assassina da polícia baiana contra a juventude negra. É como senão existisse SEPROMI no estado da Bahia. A última desta defensora das mulheres foi ter deixado uma mulher, Yalorixá, do município de Ilhéus, a ver navios, depois que esta grande militante foi espancada, torturada, humilhada e tratada com o que há de mais cruel da intolerância religiosa.

Não saiu uma nota nem da secretária, nem da SEPROMI. Nós, militantes do Movimento Negro Baiano, exigimos a exoneração imediata do Secretário de (in)Segurança Pública, César Nunes. Mas a secretária e a SEPROMI até agora não disseram para nós de que lado estão. 

Minha preocupação é que, diferente do que foram os sucessos e avanços da Matilde Ribeiro, a SEPPIR neste próximo governo Dilma retroceda os 8 anos que demoraram para a mesma significar o que é para nós todos e todas.

Mesmo com esta preocupação, a Presidenta Dilma já divulgou nota afirmando o nome da futura ministra. E eu como não sou daqueles que espera terra devastada para comemorar, pois isso seria muito irresponsabilidade de um militante como eu, rogo para que a Luíza Bairros consiga fazer na SEPPIR o que não conseguiu fazer na SEPROMI. 

Pois sei da história dela e mesmo que essa passagem pela SEPROMI tenha sido desastrada e decepcionante, acredito que a SEPPIR lhe dará condições de ser a gestora que tanto seus companheiros de campo político dizem por aí.

Saudações Quilombolas e Socialistas!!!