segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

REFLEXÕES PARA UM 2011 DIFERENTE, DE FATO, PARA O POVO NEGRO

Por Roque Peixoto


Mas um ano termina. E mais um ano está por começar. E como se fosse um cotidiano (se já não é) estamos virando de ano ainda gritando palavras de ordem contra o racismo, o sexismo, a homofobia... Até quantas viradas de anos teremos que refletir no momento onde é para se comemorar, que ainda não temos muito que comemorar?

Passaram-se 122 de Abolição da Escravatura. 100 anos de Revolta da Chibata. Em janeiro se passará 176 anos da Revolta dos Malês. E ainda estamos vendo “os nossos” jogados na miséria. Ainda somos nós os alvos das balas perdidas que nos acham como achou o menino João, na Bahia. Ainda somos as vítimas dos morros, seja pela bala da polícia, seja pelos deslizamentos pela falta de políticas habitacionais para o nosso povo.

Disso no início que ainda não temos muito o que comemorar. Mas precisamos nos agarrar naquilo que o Movimento negro construiu até aqui para que 2011, de fato, seja o anos das reais mudanças para o nosso povo. Precisamos nos agarrar nos instrumentos que temos construído ao longo dos últimos 40 anos para afirmar à esta juventude que vem para renovar e fortalecer o nosso movimento e as nossas lutas que é possível.

Estamos saindo de um ciclo de um operário no “poder”. Estamos entrando no novo ciclo: A MULHER  NO PODER! Mas precisamos acumular mais e mais, dentro e fora dos partidos, organizando o nosso povo, buscando um consenso mínimo entre nós para que o próximo ciclo seja @S NEGR@S NO PODER!

2011 será o Ano Internacional das Pessoas Africanas e Afrodescendentes, instituído pela Organização das Nações Unidas. Uma extensa agenda internacional está para acontecer. E o Fórum Social Mundial será o momento para inaugurarmos este ano tão importante simbólica e politicamente para nós.

E só avançaremos se levarmos para estes espaços internacionais denuncias expondo aquilo que o nosso povo tem passado para o mundo. Para, além disso, precisamos disputar os rumos do Estado Brasileiro. Devemos ser mais incisivos. Mais radicais. Como falam os mais jovens, devemos “ir pra cima” e tomar o nosso espaço, que foi tirado de nós desde África.

Então que iniciemos 2011 refletindo, dentre as várias lutas do nosso povo, a luta dos Malês. Imaginemos que cada ladeira que subimos é a Ladeira da Praça. Que cada batalha que travamos é que como se fosse a batalha contra o Palácio Rio Branco, o Forte São Pedro, etc. E que encontremos uns nos outros, umas nas outras, a verdadeira essência áfrica na luta e da unidade.

Que sejamos mais Movimento Negro em 2011!!!

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