O racismo velado é a ordem do dia. Ele está bastante presente em nosso cotidiano. Talvez você nunca tenha parado para pensar sobre um tipo de racismo bastante sutil e estas breves palavras pretendem incentivar a reflexão sobre o assunto. Pode passar despercebido a “olho nu”, mas um olhar um pouco mais apurado consegue identificá-lo nas entrelinhas e perceber a forma como é utilizado como estratégia de dominação.
Um exemplo de como o racismo velado pode se materializar em nosso cotidiano pode ser apresentado através da imagem da população negra na mídia. Saímos de uma ausência para uma “quase presença” e isso ainda é muito pouco. Não basta estar presente nas peças publicitárias, queremos nos ver de forma positiva e construtiva.
Um cartaz de uma universidade que se diz “plural” foi postado numa rede social e gerou uma série de comentário. Nela, seis estudantes são utilizados para representar a pluralidade tida como marca da instituição de ensino paranaense. Para o psicólogo Altair Paim: “O racismo opera assim. Automático. Sutil: O preto na foto, como sempre o único, estereotipado .... não tem mochilas e distante dos estudantes...”
Estereótipo são idéias concebidas sobre determinadas pessoas ou grupos, que levam em consideração a aparência, condições financeiras, sexualidade e outros. Trata-se de um conceito que geralmente surge de forma infundado e de caráter depreciativo, onde as opiniões alheias passam como verdadeiras. O Estereótipo também faz parte do racismo, xenofobia e intolerância religiosa.
A antropóloga Taynar Pereira declarou que: “na esteira do que acima escreve Altair Paim, sigo acrescentado que creio, sobretudo, na existência de sujeitos conscientes, atuantes, operando, manipulando o racismo 24 horas por dia....São os elementos midiáticos e suas práticas discriminatória trabalhando em todo tempo e espaço....”
A professora Yara Santiago fez alguns questionamentos sobre o cartaz: “Pq o negro é o único q está de óculos escuros, escondendo os olhos, pq é único de boné, ocultando a outra parte do rosto, pq é o único que não carrega nada que o associe ao estudo, todos os outros estão numa pose que nos remete a uma atitude de confiança, esperança, vitória, pq o negro está numa posição no mínimo de deboche ou de rejeição, no caso, ao estudo? Pq? Pq? Pq?”
Confira, na íntegra, a resposta da universidade em defesa da campanha #sejaplural:
“Pessoal, boa noite.
Pedimos licença para poder conversar com vocês e explicar dois pontos que são fundamentais que fiquem claros a todos. Em nenhum momento o objetivo das ilustrações foi estereotipar os personagens – todos são alunos e sentimos muito por qualquer tipo de taxação. Também falaremos sobre o que acreditamos. Acreditamos que a pluralidade de estilos, gostos, experiências e ideias é algo incrível para o crescimento pessoal e profissional. Quando dizemos “plural” dizemos justamente o contrário de “apenas mais um”. A singularidade de cada pessoa a torna completamente especial, mas cremos, que quando fazemos juntos podemos ir além. Acreditamos que um talento pode ser potencializado quando acompanhado por pessoas preparadas. Acreditamos que juntos podemos enriquecer ideias que poderão ajudar ao próximo. Acreditamos na evolução das pessoas quando compartilham conhecimentos, experiências e ideias. Acreditamos que cada um de vocês tem todo o potencial para serem a mudança que desejam no mundo. Para saber mais sobre a pluralidade da PUCPR, acesse:
www.pucpr.br/vestibular. Já diria Guimarães Rosa “viver é plural”, convidamos todos a serem também.”
Existem inúmeros exemplos a serem observados. Sabemos que racismo é crime e a estratégia de utilizá-lo de forma ofuscada tem conquistado uma eficácia ao dificultar sua identificação e denúncia. E você o que acha sobre polêmica? A imagem da campanha publicitária da universidade pode ilustrar uma “clara” relação entre o racismo velado e a estereotipação da população negra?
Seguimos vigilantes!
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George Oliveira
Economista
Militante do Movimento Negro
Mestrando do CIAGS/UFBA
grbo2003@yahoo.com.br
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