Por Roque Peixoto
O 2 de Fevereiro é sempre contagiante na Bahia. E é de um contagio que nos envolve desde os dias que o precedem, nas rodas de conversas, nas mesas dos bares, e em todos os cantos da Cidade da Bahia.
O 2 de Fevereiro é sempre contagiante na Bahia. E é de um contagio que nos envolve desde os dias que o precedem, nas rodas de conversas, nas mesas dos bares, e em todos os cantos da Cidade da Bahia.
Pois, assim foi comigo! Estava eu me preparando para voltar a Maragojipe, e reencontrar os “meus” nas terras de São Bartolomeu (São Bartolomeu, não! As terras são de Santo Estevão. Mas isso deixa para uma outra história). Foi quando percebi que não ía rolar. Então comecei a “tuitar” sobre a Rainha do Mar. Depois escrevi um poema para homenagear a Rainha dos Pescadores (ver: http://www.facebook.com/#!/notes/roque-peixoto/saudacao-a-yemanja/173768972667387).
Ao sair de casa, rumo ao Rio Vermelho, na companhia de uma grande amiga, encontro um companheiro de militância que, até chegar às redondezas da Colônia de Pescadores Z1, me convence que devo colocar uma oferenda nas águas para a Mãe de todos os Orishás.
Começa uma nova odisseia. Demos uma longa volta nas redondezas, até que encontramos flores para ofertar a Yemanjá. Caminhamos até a praia e, em meio aos atabaques soando os sons da Umbanda, do Keto, e vários sambas de roda, encontramos um barco de pescadores locais que nos levou até alto-mar.
Até então, era tudo apenas o cumprimento de um ritual. Mas ao chegar a alto-mar, fui preenchido, de forma surpreendente, por uma energia a qual não tive coragem de fazer pedido algum. Veio-me uma vontade espontânea de cantar. E cantei a primeira cantiga que me veio à cabeça (Yemanjá marabo aio a bo Yemanjá alode rece doce Yemanjá...). Daí, enquanto observava meus dois amigos fazendo seus pedidos e depositando suas oferendas, comecei a chorar e não fiz pedido algum. Mas agradeci a Nossa Mãe por tudo que tem me dado. Agradeci pela família que tenho. Pelos amigos que tenho. Agradeci pelo fato de, enquanto negro que passou por alguns vários percalços na vida, segue em frente com seus trinta anos e rompe as estatísticas. Agradeci pela força que me dá, mesmo em momentos onde a covardia na política (ou de certos políticos) que nos assolam com notícias como exonerações e tentativas de isolamento.
Mas agradeci, sobre tudo, o fato de ter tido Dona Mariá, minha avó, na minha vida. Ela era de Oxum. Mas nos ensinou que devemos todo respeito a Yemanjá. E é com esse respeito, que agradeci dizendo uma frase que sempre digo quando algo maravilhoso acontece: “ISSO É COISA DE ORISHÁ!!!”