segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Preocupações com o futuro da SEPPIR

Por: Roque Peixoto - 21/12/2010

A SEPPIR é um marco para os negros e negras petistas. E seu melhor momento foi, sem dúvida, quando tínhamos uma mulher na sua direção: a Matilde Ribeiro. Estamos agora vendo novamente uma mulher sendo indicada pela Presidenta Dilma para dirigir a pasta. Que bom que temos novamente uma mulher sendo indicada.
Mas ainda assim, fui advertido pela minha avó, pessoa que me criou, Yalorixá respeitada, que não devemos abrir mão de nossas opiniões, mesmo que isso dê margem para covardes lhe acusarem de coisas, como neste caso, machista, sexista, etc, etc.

A Luíza Bairros está (até o dia 31 de dezembro) à frente da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia desde 08 de agosto de 2008. Porém, mesmo com essa qualificação toda vendida por aqueles e aquelas que reproduzem no nosso meio a meritocracia da academia, não deu cabo de principais problemas que atingem a população negra do nosso estado.

Durante esses dois anos, nada mais fez além de uns três editais de 20 mil reais (valor que não paga nem a folha de formadores de um projeto de pequeno porte), das atividades do Novembro Negro (como se não existisse mais nada durante o resto do ano), e a Etapa Estadual da CONAPIR que foi precedida de conferências municipais e regionais, empobrecidas com os acordos para garantir base de apoio para um certo Deputado Federal. 

Chegava dar nojo, pois os asseclas destes chegavam nas conferências, como foi o caso aqui em Maragojipe, e diziam que já estava tudo acertado com uma outra ONG do Movimento Negro ligado aos comunistas, por causa de uma acordo. 

Aqui na nossa cidade nós não respeitamos esse acordo espúrio e garantimos a isonomia da nossa conferência. Voltando à Etapa Estadual, fui eleito delegado entre os Gestores Públicos. Porém, a então (e ainda atual) Secretária da SEPROMI fechou os olhos para os golpes sofridos por organizações e gestores, cometidos por agentes que apoiaram determinado deputado federal ligado à esta secretária.

Isso não é nada comparado ao fato da Secretária nunca ter dito ou escrito uma frase sobre o problema a ação violenta e assassina da polícia baiana contra a juventude negra. É como senão existisse SEPROMI no estado da Bahia. A última desta defensora das mulheres foi ter deixado uma mulher, Yalorixá, do município de Ilhéus, a ver navios, depois que esta grande militante foi espancada, torturada, humilhada e tratada com o que há de mais cruel da intolerância religiosa.

Não saiu uma nota nem da secretária, nem da SEPROMI. Nós, militantes do Movimento Negro Baiano, exigimos a exoneração imediata do Secretário de (in)Segurança Pública, César Nunes. Mas a secretária e a SEPROMI até agora não disseram para nós de que lado estão. 

Minha preocupação é que, diferente do que foram os sucessos e avanços da Matilde Ribeiro, a SEPPIR neste próximo governo Dilma retroceda os 8 anos que demoraram para a mesma significar o que é para nós todos e todas.

Mesmo com esta preocupação, a Presidenta Dilma já divulgou nota afirmando o nome da futura ministra. E eu como não sou daqueles que espera terra devastada para comemorar, pois isso seria muito irresponsabilidade de um militante como eu, rogo para que a Luíza Bairros consiga fazer na SEPPIR o que não conseguiu fazer na SEPROMI. 

Pois sei da história dela e mesmo que essa passagem pela SEPROMI tenha sido desastrada e decepcionante, acredito que a SEPPIR lhe dará condições de ser a gestora que tanto seus companheiros de campo político dizem por aí.

Saudações Quilombolas e Socialistas!!!

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