terça-feira, 7 de agosto de 2012

NA TERRA DE SÃO BARTOLOMEU, UMA HOMENAGEM AOS MEMEUS.



A culpa de tudo isso, se culpa houve, foi de Bartolomeu Gato, nos primeiros tempos de Maragojipe, quando nem cidade era ainda. Contou ele com a colaboração de seu irmão, Manuel Coelho Gato, o primeiro vigário da terra.

São Bartolomeu
Assim, São Gonçalo foi preterido por SÃO BARTOLOMEU. Falam da devoção do colonizador, forte era a fé de seus pais a ponto de se lhe darem o nome do santo da pele esfolada. Com a lenda da visão que o escravo vira, aumentaram as chances para mudança do patronato. Destarte, Maragojipe passou a ser a terra de São Bartolomeu.

São Gonçalo
A partir de então, a pia batismal ouviu milhares de nomes de crianças semelhantes ao padroeiro e uma infinidade de Maria Bartolomeu, Antonia Bartolomeu e até Bartoloméa. Os ‘Bartolomeus’ multiplicavam-se e, no interior dos lares ou na fuzarca das ruas e dos bares, passaram a ser Memeus, e até Memeuzinhos.

- Ô, de casa! Memeu está?
- Pois, não. Bartolomeu sou eu!

Em cada canto da cidade, um novo homônimo. O exército do Apóstolo Benigno se ampliou tanto, que em pouco tempo loteou todo feudo de Bartolomeu. Tudo isso orgulha aos maragojipanos, ciosos de sua fé. É Bartolomeu que não acaba mais, embora hoje a demanda seja pouca pela preferência de nomes vulgares de galãs de telenovelas, modismo sem substância.

Bom mesmo é ser BARTOLOMEU, o mesmo nome do mártir e apóstolo querido do Mestre! Bartolomeu identifica a maragojipanidade de quem tem este nome. É inevitável. Chama-se Bartolomeu, pode ter certeza: é filho de Maragojipe ou à terra está preso por afeto, crença ou desmedido amor!

Depois de Bartolomeu Gato vieram muitos: Bartolomeu Borba, Bartolomeu Camarão, Bartolomeu Brito, Bartolomeu Paranhos, Bartolomeu Barbosa, Bartolomeu Teixeira, Bartolomeu Almeida, Bartolomeu Rebouças, Bartolomeu Souza Santos, Bartolomeu Carvalho, Bartolomeu Malaquias, Bartolomeu Mendes, Bartolomeu Jaques, Bartolomeu Guedes... e Memeu Fraga, Memeu do Açougue, Memeu de Lula, Memeu de Ana, Memeu Barbudo, Memeu de Chica, Memeu até umas horas... e Memeuzinho, e Meu, Bartola, Bart, enfim, todos com a marca registrada do Santo, a grife da fé, a tatuagem da alma, a força da religiosidade para todo o sempre. Assim seja!

Texto adaptado por Ronaldo Souza Filho da obra original do seu saudoso pai, Ronaldo Souza.


Leiam tambem o artigo da Fernanda Reis dos Santos, apresentado durante do XI ANPUH

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