A
culpa de tudo isso, se culpa houve, foi de Bartolomeu Gato, nos primeiros
tempos de Maragojipe, quando nem cidade era ainda. Contou ele com a colaboração
de seu irmão, Manuel Coelho Gato, o primeiro vigário da terra.
São Bartolomeu |
Assim,
São Gonçalo foi preterido por SÃO BARTOLOMEU. Falam da devoção do colonizador,
forte era a fé de seus pais a ponto de se lhe darem o nome do santo da pele
esfolada. Com a lenda da visão que o escravo vira, aumentaram as chances para
mudança do patronato. Destarte, Maragojipe passou a ser a terra de São
Bartolomeu.
São Gonçalo |
A
partir de então, a pia batismal ouviu milhares de nomes de crianças semelhantes
ao padroeiro e uma infinidade de Maria Bartolomeu, Antonia Bartolomeu e até
Bartoloméa. Os ‘Bartolomeus’ multiplicavam-se e, no interior dos lares ou na
fuzarca das ruas e dos bares, passaram a ser Memeus, e até Memeuzinhos.
- Ô, de casa! Memeu
está?
- Pois, não.
Bartolomeu sou eu!
Em cada canto da
cidade, um novo homônimo. O exército do Apóstolo Benigno se ampliou tanto, que
em pouco tempo loteou todo feudo de Bartolomeu. Tudo isso orgulha aos
maragojipanos, ciosos de sua fé. É Bartolomeu que não acaba mais, embora hoje a
demanda seja pouca pela preferência de nomes vulgares de galãs de telenovelas,
modismo sem substância.
Bom
mesmo é ser BARTOLOMEU, o mesmo nome do mártir e apóstolo querido do Mestre!
Bartolomeu identifica a maragojipanidade de quem tem este nome. É inevitável.
Chama-se Bartolomeu, pode ter certeza: é filho de Maragojipe ou à terra está
preso por afeto, crença ou desmedido amor!
Depois
de Bartolomeu Gato vieram muitos: Bartolomeu Borba, Bartolomeu Camarão,
Bartolomeu Brito, Bartolomeu Paranhos, Bartolomeu Barbosa, Bartolomeu Teixeira,
Bartolomeu Almeida, Bartolomeu Rebouças, Bartolomeu Souza Santos, Bartolomeu
Carvalho, Bartolomeu Malaquias, Bartolomeu Mendes, Bartolomeu Jaques,
Bartolomeu Guedes... e Memeu Fraga, Memeu do Açougue, Memeu de Lula, Memeu de
Ana, Memeu Barbudo, Memeu de Chica, Memeu até umas horas... e Memeuzinho, e
Meu, Bartola, Bart, enfim, todos com a marca registrada do Santo, a grife da
fé, a tatuagem da alma, a força da religiosidade para todo o sempre. Assim
seja!
Texto
adaptado por Ronaldo Souza Filho da obra original do seu saudoso pai, Ronaldo
Souza.
Leiam tambem o artigo da Fernanda Reis dos Santos, apresentado durante do XI ANPUH
Nenhum comentário:
Postar um comentário