quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

DOS MALÊS À EXÚ TRANCA RUAS: AS REVOLTAS PERSISTEM PELA LIBERTAÇÃO DE SALVADOR.

Por Roque Peixoto



Em plena as férias de verão, a Cidade da Bahia ferve. E não era pra ser diferente. E que bom que ferva. E há de ferver muito mais.

Há de ferver como ferveu no dia 24 de janeiro de 1835, quando jovens, vários deles “letrados” por estar estudando o Al Corão, livro dos Islâmicos, e, portanto, estudantes, subiram a Ladeira da Praça, a partir da Praça dos Veteranos, na Barroquinha, e gritavam por liberdade. Era a Revolta dos Malês.

Há de ferver igualmente quando 40 mil estudantes desceram a Ladeira da Praça, em agosto de 2003, e caminharam incansavelmente, passando pela Baixa dos Sapateiros, descendo a Ladeira do Dique, caminhando e gritando palavras de ordem pelas margens do Dique do Tororó, e pararam a Estação da Lapa. Há de ferver como ferveu, naquele mesmo agosto, a Avenida Mario Leal Ferreira, a popular Bonocô, quando marchavam aqueles estudantes, sobre a liderança de alguns e algumas jovens estudantes, dentre eles, um tal Roque Peixoto, militante do Movimento Negro, membro do Movimento Hip Hop, e então Presidente da Associação Baiana dos Estudantes Secundaristas/ ABES.

Há de ferver como ferveu o Iguatemi, principal centro comercial e financeiro da Cidade de Salvador, quando aqueles bravos guerreiros pararam o trânsito no horário de pico (18h00min) e mostraram que não estavam para brincadeiras.

Até que o então prefeito Antônio Imbassay teve que ceder à pressão popular, e eis que causa um racha entre o mesmo e o seu tutor, ACM.

Estava aí uma vitória para além das pautas e palavras de ordem. Era uma vitória onde se selava o início do fim do carlismo na Bahia.

Nesses dias estamos vendo movimento que foi convocado como “MOVIMENTO EXÚ TRANCA RUAS/ REVOLTA DO BUZÚ 2011”. Muito sugestivo. Pois se trata de uma luta contra um prefeito que mandou derrubar Terreiros de Candomblé. De um prefeito que deixou as ruas sujas. Que deixou casas desabarem em encostas e bairros pobres.

E como Exú tem o dom da palavra e da comunicação. Tem o dom do discernimento e da luta. E é quem come primeiro. Nada melhor de quê entregar nas mãos de Exú o destino deste que é o pior prefeito do Brasil.

E que Exú abra os caminhos e garanta a comunicação e o sucesso para essa juventude que o exalta, trancando as ruas de Salvador, em busca de dignidade e decência para o povo da Cidade da Bahia.
Avante guerreiras e guerreiros da Revolta do Buzú 2011.

4 comentários:

  1. Mobilização justa por parte dos estudantes, cabe à sociedade soteropolitana no mínimo entender o que esta ocorrendo!
    Desejo muito, que esta seja uma preliminar de reivindicações posteriores, vamos motivar o Brasil a tomar rédeas das situações quando envolve ações politicas incorretas e de abuso contra a sociedade.
    JH não conseguiu fazer a gestão da cidade, atrapalhou-se, foi mal orientado e usado por aqueles que se diziam “parceiros”, enfim o povo precisa de atenção, a cidade precisa de muita atenção, para voltar a ser a Salvador do Sol e Verão.

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  2. Roque ,
    Sem duvida essa juventude é dona do seu destino como você próprio citou, sempre foi, quem viveu a revolta do buzú sabe do quanto ela foi importante no processo de “redemocratização” da Bahia , não tenho duvida que a vitória das força de esquerda se deram aparte daquele momento. Exú traz a verdade!
    parabéns a Roque Peixoto pelo seu texto, seu Blog e toda sua militância em pró de uma sociedade igual e justa , Zumbi e Dandara vivem em seu peito , vida longa ao Movimento Exú tranca rua, que garanta não só o congelamento da tarifa mais acima de tudo, a melhoria dos transporte publico.

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  3. Valeu irmão. Nós negros lutamos, Nós negros nos rebelamos. Exú abre e Ogum comanda a guerra. Haveremos de ganhar a verdadeira liberdade para o nosso povo negro. A luta é dos negros oprimidos,e continua até a tomada do poder político por nós negros. Estou nessa batalha como fizemos no grande quebra quebra guabiraba do Buzu em agosto de 1981, a luta do povo contra a carestia.

    Oração ao Olorum
    Anji mutonde
    E'lusambu Kizua'Kenda mena
    Anji mutonde
    E'lusambu Kisua'Kenda mena
    Uami mavu
    Uami mukambu
    Kikulakaji
    Aluvaiá
    Nkosi-mukumbi
    Tate Kabila
    Ki'Katende
    Angoroméia
    Tate Kaviungo
    Nzaze-Loango
    Mudi'Matamba
    Tere-Kompenso
    Mametu-Kisimbi
    E'Kaitumba
    Zumbaranda
    Zara-Kitembo
    Tatetu Vunji
    Lemba-Dile
    Tatetu LembaNzambi-aponge

    Um negro! Tarugo a voz não se cala.

    Um negro.
    Voz e valentia de príncipe africano.
    Deus do Ébano, da Bahia, ao mundo irrequieto.
    Às vezes mais errado do que certo,
    Mas certo no seu erro, heróico, humano.
    Teimoso, é guerreiro de tutano.
    No samba, na madruga sempre atento.
    A todas as lutas, muito perto
    Da obra universal, do pleno plano.
    Aguerrido, o Nego Tarugo é capaz
    De ver num anunciar de um novo uma vanguarda,
    A desordem progressiva: neoliberal
    Agora em um só grito, um eco guarda
    Do canto poético encantador, da cor que faz
    É ser rei no azul de Ogum que sempre veste. Farda de Ogum Eré menino moleque.. Lutando, na porrada e no braço nem se esquece. Eterno guerreiro Ogum Eré menino moleque. O socialismo é carnaval, da Bahia negra ao mundo sem marginal.

    Igualdade, canto do povo negro

    Igualdade, igualdade doutor,
    Igualdade o negro sempre lutou.
    Enfrentando a intolerância
    O racismo e a opressão
    Na luta por igualdade
    Construindo a nação.
    O negro não, mas, escravo
    Com seu canto varonil
    O negro é liberdade
    Cantando o Brasil.
    Oh! Oh! Igualdade, o negro lutou
    Igualdade o povo negro buscou
    Igualdade o seu canto ecoou.
    Reafirmando os seus direitos de cidadania
    Princípios de igualdade
    Na Carta Magna Irmão,
    Todos por igualdade
    O Brasil é uma grande nação.
    Racismo e intolerância
    Não tem mais espaço não
    O Estatuto da Igualdade não é o fim
    É o caminho da não discriminação!

    Roque Assunção da Cruz (Roque Tarugo)
    Advogado, Bacharel em Direito, Filosofia, Teologia, Especialização em Economia do Trabalho, e Ciências Políticas, Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Del Museo Social Argentino.

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